Você já parou para pensar que às vezes o que mais faz barulho não é necessariamente o maior perigo? É exatamente isso que está rolando com o Banco do Brasil (BBAS3) agora.
Todo mundo está de olho no agronegócio e com razão, né? O setor rural deu uma baita dor de cabeça para BB no primeiro trimestre, com a inadimplência subindo e vários produtores pedindo recuperação judicial. Mas calma aí, porque tem outro bicho-papão rondando que pode ser ainda mais problemático.
O Fantasma que Poucos Estão Vendo
Enquanto todo mundo fica focado no agro, o pessoal do Safra acendeu um alerta vermelho para algo que pode pegar todo mundo de surpresa: o crédito corporativo. Sim, aqueles empréstimos para empresas que normalmente são “mais seguros”.
O negócio é o seguinte: quando você empresta dinheiro para uma empresa grande, teoricamente o risco é menor do que emprestar para uma pessoa física ou até mesmo para um pequeno produtor rural. Mas “teoricamente” é uma palavra perigosa no mundo dos investimentos.
Os Números Não Mentem
Vamos aos fatos: o BB registrou uma queda de 20% no lucro do primeiro trimestre, chegando a R$ 7,37 bilhões. Doeu, né? Mas o que chama atenção é que a inadimplência das empresas (aquela acima de 30 dias) deu um salto significativo.
E aqui entra uma matemática simples mas assustadora: se esses calotes “temporários” virarem calotes de verdade (acima de 90 dias), o BB vai ter que provisionar uma grana extra que pode chegar a R$ 2 bilhões. Isso mesmo, bilhões com B.
Por Que Isso Importa Para Você
Se você tem ações do BB na carteira ou está pensando em comprar, precisa entender que essa história vai muito além do “agro tá difícil”. As empresas brasileiras estão enfrentando um cenário complicado com juros altos, inflação teimosa e um mercado interno que não decola.
Quando uma empresa não consegue pagar o empréstimo, não é só ela que se ferra o banco também leva o baque. E no caso do BB, que tem uma carteira corporativa robusta, isso pode representar uma pressão significativa nos resultados.
O Que Vem Por Aí
Para o segundo trimestre, que vai ser divulgado em 13 de agosto, as projeções não são nada animadoras. O Safra estima um lucro de R$ 4,6 bilhões uma queda de 50% comparado ao mesmo período do ano passado.
É como se o BB estivesse enfrentando uma tempestade perfeita: agro complicado de um lado, empresas inadimplentes do outro, e ainda por cima as novas regras do Banco Central que tornaram tudo mais rigoroso.
Mudança de Regras no Meio do Jogo
Falando em Banco Central, tem um detalhe importante: desde o início do ano, entraram em vigor regras mais duras para classificar o risco de crédito. É como se mudassem as regras do jogo no meio da partida.
O BB teve que se adaptar rapidamente, elevando as provisões contra calotes. Isso significa que o banco precisa separar mais dinheiro para cobrir possíveis perdas, o que obviamente afeta o lucro.
O Lado Bom da História
Nem tudo são flores, mas também não é o fim do mundo. O BB tem alguns fatores que podem ajudar a amortecer o impacto:
- Garantias adicionais: Muitos empréstimos corporativos têm garantias que podem ser executadas
- Programas governamentais: Como o Pronampe, que divide o risco com o governo
- Recuperação de crédito: Alguns devedores conseguem regularizar a situação
O Que Isso Significa Para o Investidor
Se você investe em ações do BB, precisa estar preparado para mais turbulência pela frente. O segundo trimestre pode trazer surpresas desagradáveis, especialmente se a inadimplência corporativa realmente explodir.
Por outro lado, o mercado já está com expectativas bem baixas. Às vezes, quando todo mundo espera o pior, até um resultado “menos ruim” pode ser visto como positivo.
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Conclusão: Fique de Olho
O Banco do Brasil está navegando em águas turbulentas, e o agronegócio é só uma parte da história. O crédito corporativo pode ser o verdadeiro vilão dos próximos trimestres, e poucos investidores estão prestando atenção nisso.
A lição aqui é clara: no mundo dos investimentos, às vezes o perigo real não está onde todo mundo está olhando. Fique atento aos resultados do segundo trimestre e, principalmente, aos comentários da diretoria sobre a carteira corporativa.
Não é hora de pânico, mas definitivamente é hora de cautela. O BB vai passar por essa, como já passou por outras crises, mas o caminho pode ser mais longo e turbulento do que muitos imaginam.